• No trabalho, é um esforço constante pra ser impecável. Mantenho uma concentração ímpar pra sempre lembrar de tudo que a Patrícia já me explicou pra não ter que perguntar de novo. Procuro fazer as coisas de forma rápida e eficiente pra quando ela chegar estar tudo feito e eu parecer eficiente. O problema é que eu não consigo me concentrar em mais de uma coisa. Quando eu coloco minha cabeça em algo, eu vou fundo, penso só naquilo e me concentro só naquilo. E eu estou em um lugar onde muitas vezes eu tenho que me dividir em três, quatro, e fazer várias coisas ao mesmo tempo. É um defeito profissional meu, não sou muito multitarefa. Prefiro fazer uma coisa de cada vez do que várias ao mesmo tempo que nem o meu nariz. E quando as coisas não saem como deveriam, eu fico lá me cobrando, remoendo aquilo pelo resto do dia. E não aceito a desculpa de que eu sou novo lá. Eu aprendo rápido, eu peguei a rotina da livraria em menos de um mês. Eu odeio quando tenho que perguntar as coisas pra alguém, mas prefiro isso do que fazer errado.
• Com meus amigos, eu quero ser aquele com quem eles podem contar, aqueles que eles procuram quando precisam de conselhos ou desabafar. Sou assim desde o começo da minha adolescência, e acho que tenho o "dom".
Por quem eu tenho carinho, nunca pergunto "como você está" por perguntar. Eu pergunto porque quero saber mesmo, eu me interesso, vou atrás. Com alguns, eu consigo saber como eles estão só pelo 'oi' ou por poucas palavras. E eu me desdobro em dois, três, pra ajudar. Às vezes até ignoro os meus próprios problemas( uma forma de escapismo...).
Por isso, não tem nada pior pra mim do que constatar que às vezes as pessoas não precisam de mim, ou procuram outros pra esse tipo de coisa. E nada pior também do que quando não sei o que falar, não consigo ajudar. Eu me sinto muito mal quando isso acontece. Mas muito mal MESMO. Porque eu sempre tenho algo a dizer, e por isso, não sei diferenciar quando as pessoas querem que eu diga algo ou não. Então eu digo. Não sei até onde isso incomoda os outros.
Também sempre escolho minhas palavras. Alguns poucos que me conhecem bem sabem que nada do que eu digo ou faço é aleatório. É tudo calculado, tudo com um propósito. Tomo muito cuidado ao usar minha experiência de vida quando tento ajudar, pra não ouvir de ninguém que eu sou egocêntrico e sempre viro o assunto pra mim. Poucos entendem que quando eu faço isso é pra pessoa entender que eu já passei por isso, e que posso passar como lidei com a situação.
• Quando estou namorando, é onde sinto a maior pressão, é onde eu mais quero ser impecável. Eu tenho uma tendência forte à me dedicar mais ao namoro do que em qualquer outro aspecto da minha vida, sempre colocando isso em primeiro lugar quando tenho que escolher, mesmo não sendo a coisa mais certa a se fazer.
Tudo sem que sair absolutamente perfeito: os aniversários, jantares, saídas, gestos românticos, surpresas. Não aceito nada menos do que a perfeição. E se alguma coisa sai errada, eu sinto de forma muito pesada.
Isso vira um problema quando eu quero tanto ser perfeito que acabo forçando a barra demais, e cometo muitos erros que essa busca pela perfeição não me deixa ver. Além disso, eu não deixo a pessoa aceitar a imperfeição. Não deixo ela se contentar com um jantar que saiu errado, por exemplo. E às vezes, a pessoa iria curtir mesmo dando um pouquinho errado (o que vale é a intenção), mas eu acabo estragando tudo porque não saiu como eu queria.
Eu não sei se esse aspecto em mim mudou alguma coisa. Sei que cometi muito menos erros desse tipo com a Nayara, mas eles aconteceram. Não estive tão profundamente com outra pessoa ainda pra mensurar o quanto eu tenho isso sob meu controle.
• Em casa, temos problemas, como todas as outras pessoas. Mas por ser filho único, tenho uma mãe dependente de mim emocionalmente. Isso se traduz em ter que esconder o que sinto, não me permitir ser visto deprimido ou sofrendo, porque, obiviamente, não aguento ver minha mãe sentir o mesmo. Não posso ficar de mal humor, chorar, nada.. Tenho que guardar tudo dentro de mim. Então é sorriso no rosto o tempo todo, tudo está sempre bem, e os sentimentos que vão acumulando até o ponto que eles eventualmente explodem.
• Então, em suma, como pessoa, sou bem consciente das minhas qualidades e defeitos. Conheço muito bem a mim mesmo. E é o mínimo que se espera de alguém que tenta ser perfeito. Afinal, eu preciso conhecer intimamente os meus defeitos pra escondê-los e evitá-los, assim como saber das minhas qualidades pra que eu posso colocá-las em pratica e usar elas pra mostrar pros outros o que eu sou.
E, obviamente, como qualquer ser humano, por mais que eu tente, por mais que eu me aperfeiçoe, não consigo ser perfeito o tempo todo. E não consigo não me cobrar por isso.
Eu sou meu pior inimigo.
quarta-feira, 29 de agosto de 2007
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