terça-feira, 6 de outubro de 2009

2014, 2016 e Um Presidente...

...como sempre, depois da conquista do Rio para sede das Olimpíadas de 2016, a mídia se inundou de críticas, sempre com argumentos válidos. Mas depois de uma discussão em sala de aula sobre o assunto, somado a algumas notícias sem relação direta, comecei a entender melhor o que acredito ser o plano do presidente pro Brasil.

Sim, o país tem sérios problemas de educação e saúde, e os mais de 29 bilhões a serem investidos no país para os Jogos poderiam muito bem ser utilizados de outra forma. Ouvi muitos argumentos de que esse não era o momento do país sediar eventos deste porte, que tem muito o que se resolver antes. Ora, concordo em partes. Porém, acreditar que um dia o país não terá mais nenhum problema é um pouco de ingenuidade. Problemas todos os países têm, inclusive o Brasil. Não adianta dizer que não existe miséria, desigualdade social e etc. Mas se nos basearmos neste critério, então quando será a hora de sediar um evento internacional deste porte?

Tenho a impressão de que temos o hábito de enxergar as coisas a curto prazo. Que a população acredita que em quatro anos um homem só pode mudar um país inteiro. Eu já prefiro ver as coisas como um processo, algo que vai levar vários "quatro anos". Não creio que existirá um dia um presidente que mudará absolutamente tudo em 4 ou 8 anos, mas sim um que vai começar com um trabalho decente e que outros continuarão.

Creio que a intenção do presidente seja dar uma maior projeção internacional pro Brasil. Nos últimos dois meses, viramos credores do FMI, recebemos grau de investimento, fomos escolhidos para sediar uma Olimpíada e pleiteamos uma posição no Conselho de Segurança da ONU. Pra mim ficou claro depois de ver todas essas notícias em tão pouco tempo qual era a intenção do Governo.

Claro que alguns críticos vão afirmar que isso é desperdício de dinheiro, que existem coisas mais importantes para se investir, e eu concordo em partes. Porém, passo a ver o lado "não-tão-ruim" da coisa. Como insinuei anteriormente, o governo está tomando ações a longo prazo. Uma projeção internacional melhor do país significa que no futuro teremos maiores investimentos da comunidade internacional. Significa que teremos mais dinheiro injetado no país para aqueles investimentos que tanto esperamos na saúde, educação, segurança e todos os problemas que estamos cansados de saber. Pelo menos, esperamos que seja este o plano. Sendo assim, as críticas sempre me pareceram de uma visão limitada, sem conseguir enxergar algo maior, algo a longo prazo.

Não poderia dizer se o momento é correto para dar ao país uma projeção internacional maior. Não sou político, nem governante, muito menos extremamente estudado no assunto. Mas pelo que acompanho de notícias, não me parece um momento tão ruim assim. Creio que ainda estamos acostumados a governantes inexperientes, e não aprendemos ainda a confiar em quem escolhemos para comandar o país. Talvez seja a hora de acreditar que eles sabem o que estão fazendo, dar um voto de confiança. De qualquer forma, isso é algo que precisará ser feito um dia. Talvez, quanto antes, melhor.

Com a Copa e as Olipíadas, o país vai gastar dinheiro, assim como gastou com o Pan. Se por um lado investir bilhões de dólares reformando todos os estádios do país para a Copa e reformando e ampliando o complexo do Pan possa parecer um desperdício de dinheiro, por outro, devemos lembrar que junto com esses investimentos vêm outros na infra-estrutura do país. Investimentos em transporte, sistema viário, segurança... Sem contar que estes eventos sempre trazem grande incentivo turístico, o que automaticamente se reverte em dinheiro entrando no país.

Resta saber se todo esse dinheiro que será investido no Brasil, agora com a Copa e as Olimpíadas e futuramente com uma melhor projeção internacional, vai ser bem utilizado. Nem todos os investimentos gerados por estes eventos são bem vindos ou necessários. Muitos setores que deveriam ser prioridade ficaram de fora, mas existe a esperança que estes investimentos gerem mais dinheiro para ser aplicado onde é necessário. O Brasil é um país novo, de história recente, e que está em processo de aprendizagem, e ainda tem um longo caminho pela frente. É bem mais fácil encontrar os argumentos para criticar a conquista para ser a sede dos Jogos Olímpicos. Expandir a visão e tentar entender o que pode acontecer lá na frente já requer um pouco mais de esforço.

Não posso dizer que sou completamente a favor de sediar os jogos, mas também já não sou mais tão contra. Prefiro ser otimista e acreditar que um dia tudo isso que está acontecendo agora trará benefícios ao país.

2 comentários:

Adri disse...

concordo com tudo q vc falou!

Paula Lima disse...

Como disse anteriormente, o esforço para se posicionar e ir além das opiniões fechadas dos monopólios da comunicação, é sempre bem vindo (e de fato, você é um desses). Temos contradições em vários aspectos, mas isso na invalida seu texto e tampouco minha admiração por sua análise. Gostei muito do post, mas por desacreditar nesse processo eleitoral corrupto e enxergar como única solução a revolução proletária ininterrupta ao socialismo, não enxergo a vitória do Rio como um investimento de projeção internacional e/ou melhoria na infra-estrutura do país. A crítica ferrenha da imprensa representa as disputas de poder e a euforia geral da população não passa de um exctase da classe média iludida. Mais do que acreditar nas melhorias a longo prazo dos governantes, acreditemos nas transformações a longo prazo do povo.
Parabéns pelo texto, me surpreendeu, pra quem disse que não tinha muita base, hahaha