quarta-feira, 3 de junho de 2009

Self Made...

...quando eu passei na Uninove, minha mãe, ao me parabenizar pela aprovação, me disse, "e o mais importante, você tá se fazendo sozinho".

Essas palavras ficaram instantâneamente gravadas na minha mente. Eu fiquei um tempão pensando nisso, até cair na real. Acho que são palavras que nunca vou esquecer. Talvez seja o maior motivo de orgulho que eu possa ter. E também foi o que a Carol disse, que esse é um dos maiores motivos dela se orgulhar de mim.

Quando ela falou isso, eu comecei a lembrar de tudo que aconteceu depois do divórcio. Meu pai saiu de casa e deixou um garoto de 17 anos mimado, acostumado a ter tudo na mão, a ganhar 10 reais por dia pro almoço no colégio, que nunca tinha trabalhado na vida. A realidade bateu logo e eu tive que me virar pra arranjar um emprego. O primeiro foi na pura cara de pau, eu literalmente entrei na lan house e perguntei se tavam contratando. Acabei dando sorte.

E eu não tinha maturidade pra trabalhar. Desse emprego até o atual, eu fiz muita merda, cometi muitos erros e perdi muitos desses empregos por causa disso. E levou tempo, mas eu amadureci. Cresci profissionalmente e fui entendendo o que é ter um emprego e precisar dele.

Muitas vezes me senti amargo ao ver meus amigos da mesma idade aproveitando a vida, viajando, gastando dinheiro com coisas legais e divertidas, enquanto eu mal tinha o suficiente pra passar o mês. Sentia a minha vida roubada, que eu fui obrigado a amadurecer antes da hora e não pude aproveitar como deveria.

Mas felizmente isso passou, e percebi que era apenas uma faceta de uma imaturidade que deixei pra trás. Percebi que o que eu ganhei com tudo isso foi muito mais valioso do que qualquer viagem ou bem material. Talvez eu tenha sido forçado a amadurecer mais cedo mesmo, mas nem de longe isso foi ruim. No fim, vejo que foi necessário, que eu precisei de tudo isso pra chegar onde estou.

No meio disso tudo teve a faculdade. Eu comecei a fazer Direito, enquanto meu pai pagava a pensão. Era o único jeito que eu conseguiria estudar. O que eu e minha mãe ganhávamos juntos e sozinhos na época não era nem de longe o suficiente pra pagar uma faculdade dessas. Dois anos depois, eu tive que largar sem terminar porque não estava mais recebendo pensão.

Isso me deprimiu muito, porque eu não tinha perspectiva nenhuma de voltar a estudar. Achava que não teria mais futuro, não achava que ia conseguir um bom emprego sem faculdade. Mas em algum momento eu tive que me apegar à esperança que não importa o quanto demore, um dia as coisas se acertam. Um dia tudo dá certo e entra no seu lugar.

Então eu fui vivendo minha vida esperando, fui onde ela me levava. Passei por empregos que não tinham futuro e não me davam nada, apenas evitavam que eu morresse de fome. As coisas começaram a dar certo no final do ano passado, e continuaram melhorando até o dia de ontem, que foi quando eu completei a minha triforce. Quando, na primeira vez na minha vida, eu tive em mãos tudo que eu sempre quis, tudo que eu sempre julguei necessário pra ser feliz.

Mas claro que não é tão simples assim. Não bastou ter atingido esses objetivos, eu preciso manter eles. Preciso manter meu emprego, minha namorada e minha faculdade. E se por um lado isso me deixa em um estado de felicidade indescritível, também assusta um pouco. Isso de 'se fazer' é um pouco assustador, porque se não der certo, não vou ter a quem culpar. A culpa vai ser única e exclusivamente minha. E isso pra quem tem o hábito de sempre achar um culpado que não seja ele, definitivamente é assustador.

Mas desde que eu aprendi a ter atitude, coisas assustadoras e medos nunca me impediram de tentar. Mesmo que a perspectiva de um dia perder isso, eu prefiro usar esse medo pra me manter motivado a me esforçar pra manter isso.

Vai ser uma luta pra uma vida inteira.

2 comentários:

Adri disse...

cara, eu me vi nas suas palavras! eu passei por tudo isso - meus pais também se separaram e eu tive que me virar em empregos que não davam em nada. eu queria estudar, mas não tinha como pagar. era um ciclo vicioso, um beco sem saida. mas um dia eu decidi que não desistiria. eu não tinha dinheiro nem pra fazer inscrição, mas ganhei uma bolsa de estudos de um cursinho na minha cidade. minha mãe disse q era um desperdício de dinheiro eu me inscrever no vestibular depois de tantos anos parada. tava desempregada, sem nenhuma perspectiva. meu namorado pagou pra mim a inscrição e eu passei na UFMG. hj sou graduada em Letras e exerço a profissão mais gratificante do mundo! sou professora - amo conjugar o verbo "ensinar", mas de uma maneira muito, muito particular. eu não ensino, aprendo junto! eu nunca estive tão realizada num trabalho antes como eu estou agora! e espero que você um dia possa experimentar isso que eu estou tentando traduzir pra vc em palavras, mas só a Vida, através da experiência, pode te fazer compreender...
se fazer sozinho é a maior vitória que um ser humano pode conquistar. porque não existe concorrência, não existe um perdedor, não há competição! é apenas superação de limites - constatação de que a gente sempre pode mais do que imagina!
beijos!

Paula disse...

Que máximo! hahaha
Eu me lembro quando li seu post falando sobre a triforce e quando conversamos sobre isso no MSN.
Não sei se vc sabe (espero que saiba) mas vc é realmente alguém especial pra mim e fico verdadeiramente muuuito feliz por saber que vc está caminhando pra realizar seus sonhos! :)
Eu sei o quanto vc é determinado e sei que não vai desistir! Às vezes a gente dá uma desanimada mas não podemos deixar que isso faça com que deixemos de lutar.
Conta comigo SEMPRE!

:*